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Por: Contra os Acadêmicos

08/07/2023

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Lista de leitura de F. W. J. Schelling

Há muita maneira de estudar a obra de um filósofo e não se sabe qual seja a melhor. Pode-se fazê-lo de maneira cronológica, temática ou diversamente, a depender da finalidade que se tenha em vista. Para o estudante, a melhor ordem de leitura é a que ele mesmo estabelece de acordo com o que mais lhe agrada e corresponde a suas demandas intelectuais. A obra de Schelling (1775-1854), no entanto, é de natureza sui generis, podendo causar nos interessados certa impressão de estranheza, seja pela magnitude seja pelas radicais transformações por que seu pensamento passou.


Após estudar teologia, junto de Hegel e Hölderlin, em Tubigen Stift, Schelling chegou aos 25 anos com cerca de 11 livros publicados – o que talvez represente o mais célebre caso de precocidade intelectual da história da filosofia –, dedicando-se também aos estudos de medicina e ciências naturais, a partir dos quais desenvolveu sua, ainda mais extensa, filosofia da natureza, durante os dez anos seguintes. Mas, quase como num pacto fáustico, do gênio precoce costuma ser cobrado um preço: Schelling teve que aturar a fama de Proteu do idealismo alemão assim como o oblívio de sua tão tardia quanto original obra-prima, a Filosofia da Revelação, que só passaria a ser devidamente apreciada no século XX do pós-guerra.


Enquanto o oblívio parece ter sido, de fato, imerecido, já não se pode dizer o mesmo a respeito da fama de Proteu: dos 25 aos 89 anos, Schelling passou de revolucionário a conservador, de moderno a tradicional, de gnóstico a cristão, de idealista a realista. Em verdade, todo o trajeto filosófico de Schelling pode ser descrito como a jornada paradigmática de abandono do idealismo alemão em busca da metafísica cristã. Daí que haja escritos de Schelling para agradar a todos os gostos. Ao meu, sabem a melhor tempero os da última fase.


Obs.: Estão em negrito apenas os títulos que se encontram traduzidos em língua portuguesa.


Primeira Fase: Idealismo Transcendental


Sobre mitos, lendas históricas e temas filosóficos da antiguidade pré-socrática (1793).

Sobre a possibilidade de uma forma absoluta de filosofia (1794).

Correspondência com Fichte (1794-1802)

Sobre o Eu como princípio da filosofia ou sobre o Incondicional no conhecimento humano (1795).

Cartas filosóficas sobre Dogmatismo e Criticismo (1795).

Correspondência com Hegel (1785 ss.).

O mais antigo programa do idealismo alemão (1795).

Tratado explicando o idealismo da ciência do conhecimento (1796).


Segunda Fase: Filosofia da natureza e Filosofia da Identidade


Ideias sobre filosofia da natureza como introdução ao estudo desta ciência (1797).

Sobre a alma do mundo (1798).

Introdução a um esboço de um sistema da filosofia da natureza (1799).

Dedução do processo dinâmico ou das categorias da física (1800).

Sistema do idealismo transcendental (1800).

Sobre o verdadeiro conceito de filosofia natural e a maneira correta de resolver seus problemas (1801).

Apresentação do meu sistema filosófico (1801).

Bruno ou: sobre o princípio divino e natural das coisas (1802).

Sobre a relação da filosofia da natureza com a filosofia em geral (1802).

Sobre a construção filosófica (1802).

Sobre a relação de Dante com a filosofia (1802).

Outras apresentações do sistema de filosofia (1802).

Palestras sobre o método de estudo acadêmico (1803).

Filosofia da Arte (1803).

Ideias sobre filosofia da natureza como introdução ao estudo desta ciência (1803).

Filosofia e religião (1804).

Propedêutica da filosofia (1804).

Sistema da filosofia em geral e da filosofia da natureza em particular (1804).

Aforismos para introduzir a filosofia da natureza (1805)

Sobre a relação do real e o ideal na natureza (1805).

Designação provisória do ponto de vista da medicina de acordo com os princípios da filosofia natural (1805).

Sobre a relação das artes plásticas com a natureza (1807).

Investigações filosóficas sobre a natureza da liberdade humana (1809).

Clara ou: sobre a conexão natural com o espírito do mundo (1810).


Última Fase: Filosofia da Mitologia e Filosofia da Revelação


Seminários de Stuttgart (1810)

As eras do mundo (1811–15)

Sobre as divindades da samotrácia (1815).

Lições de Erlangen (1820-1821).

Grande introdução de Munique (1827).

Filosofia da mitologia (1828).

Apresentação do empirismo filosófico (1830).

Filosofia da revelação (1831).

Fundamento da filosofia positiva (1832).

Lições de história da filosofia moderna (1834).

Prefácio a um escrito filosófico de V. Cousin (1834).

Outra exposição dos princípios da filosofia positiva (1841).

Introdução histórico-crítica à filosofia da mitologia (1842).

Os princípios da filosofia (1844).

Prólogo às obras de Steffens (1846).

Apresentação da filosofia racional (1847).

Tratado sobre a fonte das verdades eternas (1850).


Bibliografia Secundária


BRITO, E. – La création sélon Schelling. Peeters, Louvain 1987.

COURTINE, J. F. – Extase de la raison. Essais sur Schelling. Galilée, Paris 1990.

HARTMANN, N. – A filosofia do idealismo alemão. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1983.

JANKÉLEVITCH, V. – L’Odyssée de la conscience dans la dernière philosophie de Schelling. L’Harmattan, Paris, 2005.

LAUGHLAND, J. – Schelling vs Hegel. Routledge, Nova York, 2016.

LESSE, K. – Von Jakob Böhme zu Schelling. Erfurt, K. Stenger, 1927.

MAESSCHALCK, M. – L’anthropologie politique et religieuse de Schelling ; Philosophie et révélation. Vrin Leuven, Paris 1991.

MARQUET, J. F. – Le dernier Schelling. Raison et positivité. Vrin, Paris 1994, 9-30; Introdução e tradução anotada de: Schelling, Contribuition à l’histoire de la philosophie moderne, Leçons de Munich, seguido de um estudo sobre Schelling e a história da filosofia, P.U.F., Paris 1983.

TILLICH, P. – Mystik und Schuldbewußtsein in Schellings philosophischer Entwicklung. Gütersloh, K. Stenger, 1912.

TILLIETTE, X. – Pensée en devenir, II. La dernière philosophie, 1821-1854. Vrin, Paris 1922.

____________ – La mythologie comprise. Bibliopolis, Naples, 1984.

____________ – L’absolu et la philosophie. Essais sur Schelling. P.U.F., Paris, 1987.

____________ – Introduction à Schelling. Honeré Champion, Paris, 2007.

VETO, M. – Le fondement selon Schelling. Beauchesne, Paris 1977 ; De Kant à Schelling. T.I. Million, Grenoble 1998.

VOEGELIN, V. – História das ideias políticas (vol. VII): A nova ordem e a última orientação, É Realizações, São Paulo, 2017.

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Sobre o autor

O Contra os Acadêmicos é um projeto educacional de ensino-aprendizagem voltado para o estudo de Filosofia e temas afins. Surgiu da união voluntária de estudantes e professores com o objetivo de auxiliar o estudante autodidata com o fornecimento de bibliografias, guias de estudo e conteúdos de qualidade em geral.

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